Origem:
Tendo sua origem na África, a Anemia Falciforme, também conhecida como Anemia Drepanocítica, foi trazida para as Américas por meio da imigração forçada de escravos, sendo no Brasil distribuída heterogeneamente, sendo mais sucessiva a população negra e a do Nordeste do país, pois a proporção de antepassados negros é maior nesta área.
Características:
É uma
doença hereditária que se relaciona a apenas um gene (monogênica), sendo a mais
comum do tipo no Brasil.
Os indivíduos que sofrem desta doença apresentam suas hemácias diferentes das de outros indivíduos (figura1). Em um indivíduo com anemia folciforme, a uma maior quantidade de hemácias defeituosas do que normais, as hemácias defeituosas possuem forma de meia-lua ou/e semelhante a uma foice, vindo daí o nome da doença. Por conta deste formato, elas são pouco efetivas no transporte de oxigênio, e vivem apenas por 20 dias, sendo que as hemácias normais vivem cerca de 120 dias, sendo rapidamente eliminadas do organismo pelo baço por serem defeituosas.
Os indivíduos que sofrem desta doença apresentam suas hemácias diferentes das de outros indivíduos (figura1). Em um indivíduo com anemia folciforme, a uma maior quantidade de hemácias defeituosas do que normais, as hemácias defeituosas possuem forma de meia-lua ou/e semelhante a uma foice, vindo daí o nome da doença. Por conta deste formato, elas são pouco efetivas no transporte de oxigênio, e vivem apenas por 20 dias, sendo que as hemácias normais vivem cerca de 120 dias, sendo rapidamente eliminadas do organismo pelo baço por serem defeituosas.
As células falciformes são pouco elásticas, assim
possuem dificuldade de fluir por vasos pequenos e por bifurcações. Por conta
dessa falta de maleabilidade as hemácias ficam presas em certas regiões dos
pequenos vasos sanguíneos, o que causa a obstrução do fluxo de sangue.
Figura 1. As hemácias que apresentam a Anemia Falciforme,
possuem forma de meia lua, diferente das hemácias normais.
(https://biologianet.uol.com.br/upload/conteudo/images/observe-formato-foice-das-hemacias-na-anemia-falciforme-5404e2de10e78.jpg)
Causas:
É causada quando ocorre a
alteração no cromossomo 11, que quando alterado substitui a Adenina pela
Timina, que codifica a Valina (VAL) em vez do Ácido Glutâmico. A mutação de
ponto no gene da globina beta da hemoglobina origina uma hemoglobina anormal,
denominada hemoglobina S, ao invés da hemoglobina normal denominada de
hemoglobina A.
Para que um indivíduo
sofra da anemia falciforme é necessário que o pai e a mãe possuam e transmitam
o gene defeituoso para o mesmo.
Quando apenas um dos pais transmite o gene defeituoso para o filho, dizemos que este indivíduo é portador do Traço Falciforme, isto é, esta pessoa possui um carreador assintomático do gene, que só será "ativado" quando esse mesmo indivíduo tiver filhos com alguém que já tenha a anemia falciforme ou com outra pessoa que também possua um carreador assintomático.
Quando apenas um dos pais transmite o gene defeituoso para o filho, dizemos que este indivíduo é portador do Traço Falciforme, isto é, esta pessoa possui um carreador assintomático do gene, que só será "ativado" quando esse mesmo indivíduo tiver filhos com alguém que já tenha a anemia falciforme ou com outra pessoa que também possua um carreador assintomático.
Diagnóstico:
Quanto
mais cedo se sabe sobre essa doença melhor é para o portador, a melhor das
cenas é que o diagnóstico seja feito durante o nascimento com o teste de
pezinho. A anemia falciforme é mais comum na população negra, representando
cerca de oito porcento dessa raça. no entanto, devido a miscigenação de nossos
pais não é incomum pessoas da raça caucasiana e pardos herdarem essa doença.
Outra forma de diagnóstico é o teste de eletroforese de hemoglobina feita com
uma amostra de sangue, nele pode-se constatar a presença de uma hemoglobina
característica da anemia falciforme.
Principais Sintomas:
Quando os
glóbulos vermelhos ficam deformados e a membrana se altera, imediatamente há um
prejuízo na circulação sanguínea, que causa a oclusão vascular que provoca
inchaço e dores nos pés e nas mãos. Além disso, os macrófagos fagocitam os
glóbulos vermelhos deformados, provocando assim, a anemia; os macrófagos também
são capazes de fagocitarem os glóbulos vermelhos defeituosos, liberando dessa
forma as citocinas que se encaminham direto para a microcirculação do sistema
nervoso emitindo sinalizações que causam alguns sintomas característicos. Essa
doença pode se manifestar de diferentes formas e em cada indivíduo pode
haver diferenciações. Uns pode apresentar apenas alguns sintomas leves, outros
apresentam um ou mais sinais. É importante salientar que a maioria desses
sintomas geralmente aparecem na segunda metade do primeiro ano de vida das
crianças. Alguns sintomas dessa doença são:
- Dor (em qualquer local do organismo) - Sendo o sintoma mais frequente, ele ocorre pela obstrução de pequenos vasos sanguíneos pelo fato dos glóbulos possuírem o formato de foice, sendo mais frequente nos ossos e articulações.
- Icterícia - principalmente nos olhos e pele, é um sintoma muito comum e é causado pelo rompimento do glóbulo vermelho e a liberação de um pigmento chamado de bilirrubina no sangue.
- Sequestro de sangue pelo baço - por ser o órgão responsável pela filtração do sangue no nosso corpo. Em crianças com essa doença, o baço pode aumentar rapidamente por sequestrar todo o sangue e isso pode levar rapidamente à morte por falta de sangue para os outros órgãos, como o cérebro e o coração. É uma complicação da doença que pode ser letal se não rapidamente tratada.
- Contração Vascular
- Aumento da frequência cardíaca e pressão sanguínea
- Alterações metabólicas
- Infecções
É
importante mencionar que a mulher portadora da anemia falciforme, durante a
gestação, fica mais favorável a contrair infecções bacterianas, abortar, ter um
parto prematuro e hemorragias, além de sentirem crises dolorosas mais intensas
e frequentes.
Tratamento:
Para a anemia falciforme
não há tratamentos específicos, existem medidas para prevenir as consequências
das crises e os problemas ocasionados por elas, assim como controlar a anemia e
as infecções. Algumas medidas são tomadas quanto ao tratamento, estas incluem:
uso de medicamentos, a necessidade da nutrição, as transfusões, o uso das
terapias não-convencionais e assim sendo a melhor maneira de prevenir o agravamento
da doença.
- O uso de analgésicos
No caso de medidas contra
infecções são utilizados medicamentos como, a Penicilina Profilática que
previne 80% das septicemias (infecções graves do sangue quando em contato com
infecções bacterianas que se espalham pela corrente sanguínea), em crianças com
anemia falciforme a partir dos 4 meses até os 6 anos de idade, dentre
outros medicamentos aplicados de forma oral, como a Penicilina V e a Penicilina
benzatina. Nessa questão quanto ao uso de medicamentos, temos a indicação de
vitaminas que ajudaram no crescimento normal do corpo, o ácido fólico para
tratar as complicações e o mais recente uso da Hidroxiuréia que age no
aumento da produção de Hemoglobina Fetal e na diminuição de glóbulos vermelhos
em forma de foice.
- Nutrição
No controle da anemia é
indispensável que as pessoas tenham uma suplementação de folato, uma vitamina
que ajuda na produção de novos glóbulos vermelhos, essa suplementação é vital
já que sua carência pode estar relacionada a um maior risco de trombose e
má-formação de tubo neural durante a gestação. Também é necessário a
suplementação de Zinco e possivelmente de Ferro.
Assim como a importância
da boa nutrição, é relevante citar que as pessoas acometidas por essa patologia
tenham algumas precauções quanto ao seu modo de viver, pois devem
evitar realizar atividades que reduzam a quantidade de oxigênio no sangue e
buscar sempre ajuda médica quando algo estiver fora do normal. É justamente por
essa razão que os indivíduos com a doença falciforme (DF) necessitam de
hidratação, pois estão mais sujeitos a desidratação devido a incapacidade de
concentração de urina pela excessiva perda de água.
- Transfusões
A terapia transfusional
no tratamento de pacientes é realizada quando necessário (em casos de danos
pulmonares, infartos, por infecções ou por recorrência a cirurgias), em
crianças a transfusão é utilizado como uma medida profilática para evitar
acidentes vasculares cerebrais, nas gestações de alto risco tem como objetivo
de manter níveis de Hb em torno de 10g/dl e HbS<30%, e em anemias fortes tem
a finalidade de melhor liberação do oxigênio para os tecidos e aumento do
rendimento cardíaco.
- Terapias não-convencionais
Além das formas de
tratamentos que auxiliam nas crises e infecções da anemia falciforme, também
são utilizados alternativas não-convencionais, como, transplante de medula
óssea ou o transplante de células tronco de um paciente saudável a um com a
doença, apesar de ser um método que represente uma possível cura encontramos a
desvantagem de ser um procedimento complicado e que levaria ao paciente tomar
certos medicamentos que supram as necessidades do sistema imunológico.
Atualmente, a terapia
genética é estudada quanto a implantação de genes normais em células
sanguíneas. Entretanto, vale ressaltar que todas as maneiras de tratar essa
patologia não proporciona a cura, e sim, prolonga a vida do paciente com mais
qualidade.
Autoras: Bárbara Castro, Maria Paula, Jaqueline Lima e Marcela Germano.
Autoras: Bárbara Castro, Maria Paula, Jaqueline Lima e Marcela Germano.
Referências Bibliográficas:
- ANVISA,
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de Diagnóstico e
Tratamento de Doenças Falciformes.
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em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/anvisa/diagnostico.pdf>. Acesso em: 06 set. 2018. - FERREIRA, Tatiana Dela-Sávia. Anemia Falciforme Orientação Genética. Goiânia: [s.n.], 2014. 26 p. Disponível em: <https://odonto.ufg.br/up/133/o/Anemia_Falciforme__Orienta_%C2%BA_%C3%BAo_Gen_%C2%AEtica_(1)_(1).pdf>. Acesso em: 06 set. 2018.
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5. LICHTIN, A.E. Anemia Falciforme-Doença HbS.
Manual MSD- Versão para profissionais de Saúde. Disponível em:https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/anemias-causadas-por-hem%C3%B3lise/anemia-falciforme;.
Acesso em: 08. Set. 2018
6. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Especializada. Doença falciforme: saiba o que é e
onde encontrar tratamento. Series B. Textos Básicos de Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 1ª edição – 2012. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doenca_falciforme_o_que_e_onde_encontrar_tratamento.pdf;.
Acesso em: 08 set. 2018.
7. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde e
ao Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Protocolo
Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença Falciforme. Portaria conjunta
n° 05, de 10 de fevereiro de 2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/fevereiro/22/Portaria-Conjunta-PCDT-Doenca-Falciforme.fev.2018.pdf;.
Acesso em: 08. Set. 2018
8. PESSOA, Silvio Marques. Anemia Falciforme -
saiba os sintomas e os tratamentos. 2017. Disponível em: <https;//youtu.be/BHC_cnvPMo>.
Acesso em: 10 set. 2018.
9. SANTANA, J.A; SANTANA, K.S; DEODATO, L.F. Práticas
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;. Acesso em: 08. Set. 2018
10. SILVA, Roberto B.; RAMALHO, Antonio S.; CASSORLA,
Roosevelt. A anemia falciforme como problema de saúde pública no Brasil. Revista
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